Famílias Mafra

Raquel Mikaelian Mota

feminino


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  • Nome Raquel Mikaelian Mota 
    Sexo feminino 
    Grafias do nome Raquel Mikaelian Mota 
    ID da pessoa I024413  Mafra
    Última alteração 26 Out 2020 

    Família Joaquim Egídio Régis, Neto 
    Filhos(as) 
     1. Mayla Mikaelian Régis
    ID da família F009359  Ficha familiar  |  Diagrama familiar

  • Notas 
    • 97 ANOS DO GENOCÍDIO ARMÊNIO - Por Raquel Mikaelian Mota.
      Publicado em 19 de abril de 2012.

      Meu nome é Raquel Mikaelian Mota e sou da 2ª geração de armênios nascidos no Brasil.

      Meus avós tanto maternos, quanto paternos, sofreram os horrores do genocídio.

      Uma das lembranças mais antigas que tenho da infância é da minha avó fazendo massa, para que nós os netos, sentados em volta daquela mesa enorme, pudéssemos confeccionar os biscoitos nas formas que mais nos desse prazer.

      Eu fazia trancinhas, alguns faziam bichinhos, outros estrelas... Os cheiros dos temperos vindo das comidas no fogão ainda me enchem as narinas...

      Enquanto isso minha avó cantava musicas armênias infantis, ou nos ensinava a rezar o "Hay Mer" (o Padre Nosso, em armênio).

      Assim cresci. Em meio a tradições, costume e estórias armênias.

      A lembrança de meu avô é tão clara... Fecho os olhos e lá está ele.

      Sentado na cadeira, na rua, embaixo da janela do seu quarto, montando e desmontando isqueiros enquanto enrolava seu cigarro de palha. Lá dissertava sobre esse país "Aonde podia-se plantar até nas paredes, que dava frutos..." E contando estórias de sua vida "pré Brasil".

      E sua história. E sua fuga.

      Falava dos irmãos mortos, das irmãs violadas e levadas, dos sobrinhos que não chegaram a nascer retirados barbaramente do ventre da mãe...

      Falava da deportação, das andanças até a exaustão, deixando pela trilha, amigos e parentes mortos ou moribundos...

      Meu querido avô calou em 1975. Minha avó, sua voz, suas canções, em 1987.

      Mas ouvindo meu coração que os trás para sempre em mim, em busca de suas lembranças e saudades, tive a chance de passar um mês na Armênia - na época, ainda uma república socialista soviética.

      Andei pelas ruas de Yerevan (capital) pisando a terra que foi deles... E cada passo refazendo na minha cabeça os seus passos...

      Visitei monumentos em homenagem aos mártires e chorei por todos. Mas nas lágrimas pelos meus avós. Senti em cada poro do meu corpo o peso do passado...

      Esse mesmo passado que conta que a primeira nação a adotar o cristianismo como religião de Estado em 301 DC, foi a Armênia.

      De volta ao Brasil trouxe terra e pedras. Sim! Todas escondidas no corpo para passar pela Imigração. Este pouquinho do solo Armênio deixei nos túmulos de meus avós. Eles não conseguiram voltar, mas simbolicamente trouxe um pouquinho da Armênia deles, pra eles...

      Esse é um pedacinho da minha história. Em nome de meus avós e tantos outros que esse Brasil enorme deu guarida, apoio, trabalho e chance de ter uma vida, em nome da dignidade e respeito humano, peço que apoiem e divulguem a luta pelo reconhecimento pelo Governo Brasileiro, do massacre perpetrado em 1915 pelos turcos, no 1º Genocídio da história moderna que culminou em mais de 1 milhão e 500 mil armênios massacrados.

      Países que já reconheceram: Alemanha, Argentina, Bélgica, Chile, Chipre, Canadá, Eslováquia, França, Grécia, Holanda, Itália, Líbano, Lituânia, Polônia, Rússia, Suíça, Suécia, Uruguai, Vaticano e Venezuela.

      https://procurasegenteboa.wordpress.com/2012/04/19/97-anos-do-genocidio-armenio-por-raquel-mikaelian-mota [1]

  • Fontes 
    1. [S195] Sítios e páginas da internet, 26 de Outubro de 2020, https://procurasegenteboa.wordpress.com/2012/04/19/97-anos-do-genocidio-armenio-por-raquel-mikaelian-mota.