- Três Corações, MG, Sagrada Família, Livro de Óbitos 1810-1854, 293 a 294.
Testamento de Luiza Maria de Jesus. Em nome de Deus, amém. Digo eu Luiza Maria de Jesus, filha natural de Victoria, escrava de Maria Marcelina, natural de Três Corações de Jesus, Maria e José do Rio Verde, onde sou moradora; achando-me gravemente enferma, mas em meu perfeito juízo e entendimento, determino fazer meu testamento na forma seguinte: Declaro que nunca fui casada mas que tenho duas filhas Possidonia Leite Ferreira e Faustino no estado de cativeiro do Senhor Vicente Ferreira Pinto. Nomeio para meus testamenteiros, em primeiro lugar, ao Senhor Vicente Ferreira Pinto; em segundo o Senhor João da Costa Silva e em terceiro o Senhor Antonio Caetano da Silva, aos quais constituo meus bastantes procuradores, na administração de meus bens. Ao que aceitar [ser] o meu testamenteiro por amor de Deus deixo a vintena de meus bens e o prazo de dois anos para fazê-lo concluso ao Juízo competente. Declaro que possuo uma parte de terras na fazenda de São Bento, comprada de João Correia dos Santos, com casa de vivenda e a quarta parte no Moinho de Manoel Garcia da Costa, sendo o mesmo meeiro no rego d?água que flui do terço de Candido Gonçalves da Fonseca; um cavalo castanho e três éguas, estando duas paridas, um boi de carro, um rosário de ouro de quinze mistérios, três moedas de ouro de 2000 cada uma, dois signos de Salomão, duas e meia varas de cordão de ouro, um colar de ouro de vara e meia e um coração também de ouro de vara e meia e um relicário de ouro; tudo isto acha-se em poder do Senhor Manoel Garcia da Costa. Possuo no pasto além da ponte do Rio Verde, uma parte de 30.000 pela compra feita a Henrique Dias; possuo uma morada de casa coberta de capim sita no arraial do Rio Verde, com quintal cercado de pau em pé, fazendo frente ao quintal da mesma na Rua do Canta Galo. Declaro ter tratado com o Senhor Vicente Ferreira Pinto a alforria de meu filho pela quantia de 900.000, determino a meu testamenteiro [que] realize esse negócio. Declaro que [em] meu funeral será feita a eleição do meu testamenteiro. O mesmo mandará dizer duas missas de corpo presente e mais vinte por minha alma. Devo a João Antonio da Fonseca, vinte e tantos mil réis, a José Hygino, não sei quanto, a José Ignácio Ximenes, o resto de um crédito, a Antonio Joaquim da Silva, remédios de sua Botica e a mais ninguém eu devo, minhas dívidas serão pagas sem contendas de justiça. Deixo à minha filha Ritta, exposta em casa de Manoel Garcia da Costa, a parte que tenho no fundo da casa do Arraial e que faz frente na Rua da Fumaça, tudo que fica do rego para baixo servindo de título está [a] venda. Declaro que pagas minhas dívidas e cumpridas minhas disposições principalmente depois de liberto meu filho, será meu herdeiro, minha filha Possidonia entrando ela para o monte com um colar de ouro que lhe dei, enquanto que também a libertei. Neste caso, hei por findo meu testamento e última vontade que quero se cumpra por meu falecimento; revogo outra qualquer cédula ou codicilo que apareça em meu nome e peço à Justiça de Sua Majestade Imperial lhe dê inteiro valor fazendo cumprir o que nele se contém, o qual foi feito e assinado por Joaquim Flavio Ximenes do Prado por eu não saber ler, nem escrever. Depois de me ser lido e achar conforme o ditei. Rio Verde, dezoito de Fevereiro de 1845. A rogo de Luiza Maria de Jesus, Joaquim Flavio Ximenes do Prado. Estava legalmente aprovado com as solenidades da lei. O Vigário Agostinho José de Souza Oliveira. [1]
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Famílias Mafra
- 1845