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- De: Maria Beatriz de Medeiros
Date: qui., 7 de mai. de 2020 às 12:44
Subject: Alteração proposta: Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto (I033359)
To:
Descrição: LORETO, Sérgio Teixeira Lins de Barros
*gov. PE 1922-1926; dep. fed. PE 1927-1930.
Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto nasceu em Águas Belas (PE) em 9 de setembro de 1870, filho do professor Galdino Eleutério Teixeira de Barros Loreto e de Luísa Lins.
De família relativamente modesta, começou a carreira como funcionário dos Correios, emprego conquistado através de concurso público. Tendo-lhe falecido o pai, trabalhando e
estudando, conseguiu diplomar-se na Faculdade de Direito do Recife em 1892. Transferiu-se então para o Espírito Santo, a chamado do irmão Galdino, chefe político naquele estado.
Foi nomeado promotor em São Leopoldo e, depois, chefe de polícia de Vitória, ascendendo a procurador geral. Demitido, transferiu-se para o Rio de Janeiro e aí advogou de 1901 a 1904, quando venceu um concurso para juiz federal no Espírito Santo e retornou à capital
capixaba. Desejando voltar para Pernambuco, concorreu a igual posto no Recife em 1905 e foi aprovado.
Indiferente ao partidarismo político, vivia modestamente de sua função na capital pernambucana quando, em meio à crise política que agitou Pernambuco em 1922, recebeu
o convite para governar o estado. A origem da crise foi o falecimento, em 27 de março, do governador José Rufino Bezerra Cavalcanti. Sua morte, após longa enfermidade, determinou o início da disputa pelo governo estadual. Com o apoio do senador Manuel Borba, foi lançada a candidatura situacionista do senador José Henrique Carneiro da Cunha.
Por seu lado, a oposição apresentou como candidato Eduardo de Lima Castro. Apesar da tensão, a eleição transcorreu sem maiores incidentes, saindo vitorioso o senador Carneiro da Cunha. Esse resultado foi porém contestado pela oposição, e a partir do dia seguinte
começaram as desordens, com a participação de forças militares de um e de outro lado.
Diante da ameaça de intervenção em Pernambuco, as duas facções entraram em acordo, e o juiz Sérgio Lins de Barros Loreto foi eleito governador e empossado em 18 de outubro seguinte.
Ao iniciar o governo, contou com o apoio de todas as correntes, cada qual mais interessada em se aproveitar de sua inexperiência política. Bem depressa, contudo,
mostrou-se senhor da situação e procurou realizar uma administração esclarecida e voltada para o bem público, dentro de um plano de governo objetivo e perseverante. Para prefeito de Recife escolheu o engenheiro Antônio de Góis Cavalcanti, a quem deu carta branca para os melhoramentos necessários. Desse modo, concluiu-se a construção do quartel do Derby e o ajardinamento de seus arredores, dando origem à praça do Derby. Calçaram-se as ruas, refez-se e ampliou-se a iluminação da capital. Outra obra importante foi o término da ponte do Pina e a abertura da avenida Boa Viagem, facilitando o acesso à praia de Boa Viagem. Desafiando os críticos, conseguiu lançar uma linha de bondes que corria por uma estreita
faixa de estrada, entre o mar e os alagadiços.
De maior vulto foram os trabalhos de dragarem do porto. Sérgio Loreto mandou também construir ou reparar o cais e os armazéns, de modo a permitir a entrada e o acostamento de grandes navios. A obra foi inaugurada com grande espetáculo no dia 2 de outubro de 1924.
Para resolver o problema de escassez de água, construiu-se a segunda linha condutora do Grujaú, e, para regularizar os trabalhos judiciais, iniciou-se a construção do Palácio da Justiça. Seu maior empenho foi dirigido para a higiene e saúde públicas, confiadas a seu
genro, o jovem médico Amauri de Medeiros, considerado o Osvaldo Cruz de Pernambuco.
A ação do governador não se limitou à capital, mas estendeu-se ao interior, e não só no setor da saúde. Para facilitar a circulação de riqueza e a intercomunicação humana, abriu as estradas entre Floresta, Cabrobó e Boa Vista e entre Floresta, Salgueiro, Leopoldina e
Ouricuri. Impulso marcante foi dado à educação: foi extinta a Inspetoria Geral da Instrução Pública, e especial cuidado foi dado à formação do professorado, à restauração dos prédios escolares e ao atendimento à população estudantil. Além de outras iniciativas culturais, foi instituído o Hino da Cidade, pela Lei nº 108, de 10 de julho de 1924, com letra de Manuel Aarão e música de Nelson Ferreira.
Em 18 de outubro de 1926, Sérgio Loreto passou o governo a Júlio Belo, presidente da Câmara. Este, em 12 de dezembro, foi substituído pelo novo governador eleito, Estácio Coimbra. Deixando o governo, Sérgio Loreto foi eleito deputado federal e assumiu o mandato em maio de 1927. Com a vitória da Revolução de 1930, abandonou a política.
Faleceu em 6 de março de 1937.
Casado com Virgínia de Freitas, teve dois filhos: Sérgio Loreto Filho, catedrático da Faculdade de Direito do Recife, e Aspásia de Medeiros, casada com Amauri Medeiros (netos: Ricardo Amaury de Medeiros, Maria Beatriz de Medeiros, Rogério Amaury de Medeiros, Rodrigo Amaury de Medeiros, Renato Amaury de Medeiros. Deixou publicados os trabalhos O governador e seus concidadãos e Subsídios para a história política e administrativa de Pernambuco (1922-1926).
FONTE: SILVA, J. Vidas.
Maria Beatriz de Medeiros
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