Famílias Mafra

João Gonsalves Pinheiro

masculino 1899 -


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  • Nome João Gonsalves Pinheiro 
    Nascimento 20 Jun 1899  Rochão, Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC Encontrar todos indivíduos com eventos neste local 
    • Florianópolis, SC, Lagoa da Conceição, Livro de Nascimentos 003, 1894-1899, 199, 069.
      [...]. Aos vinte e um dias do mês de Junho de mil oitocentos e noventa e nove, neste Distrito de Paz da Lagoa, compareceu em meu cartório Francisco Gonçalves Pinheiro e declarou Que ontem, à uma hora da tarde, no Rochão, em casa do dito declarante nasceu João, sexo masculino, filho legítimo de Francisco Gonçalves Pinheiro e de Eduviges Francisca da Silveira, neto paterno de José Gonçalves e de Maria das Dores e materno de João Nunes da Silveira e de Francisca Claudina, os pais são desta Freguesia. [...]. Manoel Nunes Vieira. Francisco Gonçalves Pinheiro. [1]
    Sexo masculino 
    Grafias do nome João, João Gonçalves Pinheiro. 
    ID da pessoa I039392  Mafra
    Última alteração 12 Abr 2018 

    Pai Francisco Gonsalves Pinheiro,   nasc. +/- 1877 
    Mãe Eduviges Francisca da Silveira,   nasc. +/- 1875 
    Casamento 22 Out 1898  Freguesia da Lagoa, Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC Encontrar todos indivíduos com eventos neste local 
    • Florianópolis, SC, Lagoa da Conceição, Livro de Casamentos 001, 1889-1904, 136 a 136v, 015.
      [...]. Aos vinte e dois dias do mês de Outubro do ano de mil oitocentos e noventa e oito, às três horas da tarde, nesta Freguesia da Lagoa [...] receberam-se em matrimônio Francisco Gonçalves Pinheiro, filho legítimo de José Gonçalves Pinheiro e de Maria da Gloria e Conceição [sic] [...] e Eduviges Francisca de Jesus, filha legítima de João Nunes da Silveira e de Francisca Rosa de Jesus [...]. [...]. [2]
    ID da família F015041  Ficha familiar  |  Diagrama familiar

  • Notas 
    • História do Sul da Ilha - parte 4 - Saiba quem foi João Gonçalves Pinheiro - O Professor/Educador

      João Gonçalves Pinheiro nasceu em 20 de junho de 1899, no distrito da Lagoa da Conceição em Florianópolis/SC, sendo filho de Francisco Gonçalves Pinheiro e Edvirgens Silveira Pinheiro. Foi casado com Tértula com a qual teve quatro filhas. Após ficar viúvo, casou-se com Braulina tendo a quinta filha..
      Foi professor numa época em que não havia estabilidade no serviço público, precisando ser nomeado para a função. Sempre que um governador do Estado tomava posse e este sendo contrario a sua ideologia política, tinha sua nomeação suspensa. Mesmo sem nomeação para a função e sem salário nunca deixou de lecionar, pois seus alunos não poderiam ficar sem a continuidade da alfabetização.

      Em 1923, aos 24 anos de idade, foi nomeado pela primeira vez para a função de professor de alfabetização em sua residência na esquina da Avenida Campeche com a Avenida Pequeno Príncipe no Campeche. Nesta residência posteriormente funcionou uma mercearia (popular venda do seu Bertoldo) de propriedade de Bertoldo Inácio. Foi demolida no início deste século dando lugar a uma moderna construção onde funciona uma imobiliária.

      Em 1937, João Gonçalves Pinheiro, mudou-se para a comunidade da Cruz do Rio Tavares, assim denominava-se a comunidade em frente a Pedrita. Comprou uma propriedade da família do Seu Deca Padeiro, estabelecendo ali sua nova residência, utilizando-a também como espaço de sala de aula, continuando a realizar a sua missão de professor, sendo responsável pela alfabetização de toda região da planície Campeche/Rio Tavares. Muitas vezes deixava as tarefas para a resolução dos seus alunos aos cuidados de sua filha mais velha Doraci e deslocava-se para os cuidados da roça e criação de gado, complemento de sua renda. Retornava ainda a tempo para a devida correção e retomada das aulas. Esta filha seguiu a profissão do pai e aposentou-se como professora e embora em estado de saúde bastante debilitada, aos noventa anos, ainda está em nosso meio, residindo no Campeche.

      João Gonçalves Pinheiro aposentou-se como professor da rede de ensino do estado de Santa Catarina em 1945. Mas jamais desistiu de seu grande sonho: A construção de uma Escola para a comunidade do Rio Tavares. Foi substituído por seu genro e meu pai, Adriano Alexandrino Daniel, permanecendo ainda por mais cinco anos, sem qualquer custo, sua residência como a escola da comunidade. Sobre o novo professor trataremos em uma outra oportunidade.

      Além de professor, João Gonçalves Pinheiro, ainda desenvolvia a agricultura de subsistência, plantando feijão, milho, mandioca, hortaliças e criação de gado, como forma de complementação da renda familiar. Trabalhou também na propriedade da chácara dos padres Jesuítas do Colégio Catarinense no Rio Tavares onde existe a Igreja de Pedra.

      Como líder comunitário, juntamente com outras lideranças (Tuca Vieira, Leonel Cameu, Leleca...) trabalhou arduamente para a construção da referida Igreja. As pedras para a construção foram extraídas da mesma propriedade dos padres Jesuítas e inaugurada em 1955. Também desta propriedade saíram as pedras para a construção do convento do Morro das Pedras, inaugurado em 1956. Cultivava uma amizade muito forte com o padre da comunidade, Alvino Bertoldo Brau, frequentador assíduo de sua residência. Segundo relatos de Leonel Cameu, o Padre Brau, além de mobilizar a comunidade para a construção da Igreja, tinha a intenção de construir um cemitério, nos fundos da mesma, projeto este que nunca se efetivou.

      João Gonçalves Pinheiro também tinha alma de poeta. Em 1964, quando do falecimento de seu grande amigo, Padre Brau , escreveu um poema em sua homenagem composto de doze versos, cujo décimo primeiro verso transcrevo : Construiu sua capela / De pedra assim ele quis / Para Nossa Senhora de Fátima / Padroeira e São Luiz / Lugar que não tinha Igreja / A Cruz sentiu-se feliz.

      João Gonçalves Pinheiro, era uma espécie de conselheiro para o povo pobre desta região do interior da Ilha. Encaminhou muitos moradores para empregos na cidade, nas repartições públicas e no comércio. Além de professor, tinha uma paixão muito forte com a política, buscando melhorias para a comunidade. Solicitava constantemente o aterramento da estrada geral do Rio Tavares, hoje rodovia Antônio Luiz de Moura Gonzaga, que por ser apenas um caminho de areia, dificultava o trafego dos poucos automóveis que por ali passavam, atrapalhando no desenvolvimento da região. Mas nunca abandonou a sua obstinação: A construção de uma escola no Rio Tavares. Em 1951, reivindicou ao então Prefeito de Florianópolis, Paulo Fontes, que comprasse um terreno para a construção de uma escola, melhorando a qualidade de ensino das crianças da região. Pleito este finalmente atendido.

      Em 1968 a tão sonhada escola é construída ao lado de sua casa, em um terreno comprado da família do Deca Padeiro . Enfim, sonho realizado.

      João Gonçalves Pinheiro faleceu no dia 22 de abril de 1971, aos 71 anos de idade e seu corpo foi sepultado no cemitério da Lagoa da Conceição. Em 1975, recebeu a justa homenagem e a escola passou a denominar-se Escola Básica João Gonçalves Pinheiro, transformando-se hoje em uma escola de referência da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis.

      Sou grato a Tia Mariazinha, sua filha mais nova, pela colaboração decisiva na elaboração deste texto. Há muito vinha ensaiando escrever algo sobre João Gonçalves Pinheiro, meu avô. Enfim saiu.

      Hugo Adriano Daniel - Professor/Historiador

      https://ducampeche.com.br/materia/historia-do-sul-da-ilha-parte-4 [3]

  • Fontes 
    1. [S253] Registros Civis, Florianópolis, SC, Lagoa da Conceição, Livro de Nascimentos 003, 1894-1899, 199, 069.

    2. [S253] Registros Civis, Florianópolis, SC, Lagoa da Conceição, Livro de Casamentos 001, 1889-1904, 136 a 136v, 015.

    3. [S195] Sítios e páginas da internet, 12 de Abril de 2018, https://ducampeche.com.br/materia/historia-do-sul-da-ilha-parte-4.